25 de maio de 2010

A espessura da distância


Há dias em que penso na espessura da distância que nos separa. A distância que faz com que eu não te veja crescer ou envelhecer. A distância que faz com que eu desconheça os pormenores do teu dia a dia, apesar de os imaginar, dando-lhes a vida e as cores que a tua voz dita e que a minha imaginação recria. Não sei se estás bem, em que pensas, o que vestes, o que vês, o que admiras ou o que dizes. É esta espessura, tão densa, tão real que me separa de ti, e que me impede de te cheirar, de te ver, de te tocar ou de te ouvir. É esta distância que nos separa há quase 3 anos e que é tempo de esbater, a pouco e pouco, dia após dia, devagar, muito devagar. Esta distância tivemos de a respeitar, e ela esteve ali entre nós, calma, serena, desempenhando o seu papel. E nós obedecêmos, respeitámo-la, e esperámos que ela se retirasse, conforme o combinado, debaixo dos nossos olhares atentos e gulosos, felizes e (muito) satisfeitos. O dia está próximo, mais próximo que nunca, está quase. Falta a trajectória final, que é sempre a mais dura e a mais trabalhosa, mas está quase. Faltam 4 meses para que a distância desapareça e para que a presença tome o seu lugar. Uma presença quente, com cor, com uma dimensão, finalmente real e palpável. Um testemunho de vida a viver a dois, (e a muitos mais), isentos de relatos conjugados no pretérito perfeito e de discursos indirectos.

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