29 de julho de 2011

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Esta semana foi para esquecer. Tive aquela sensação de que o mundo inteiro se junto para me tramar. Na verdade, pensando bem, acho que o problema sou eu. E quanto a isso, temos de facto um problema.

Ser e Parecer

E neste mundo cão onde me movimento diariamente, tenho de me render à evidência que o parecer vale muito mais que o ser, e que a partir de hoje, terei de ter um cuidado redobrado com a aparência. Resumindo, isto é pedir muito. Muito mesmo. Pelo menos a mim, é. Invejo as mulheres todas deste planeta que têm um prazer louco em vestir-se, em cuidar-se com marcas xpto, em estar sempre em cima do acontecimento no que toca a vestuários e afins. Odeio o requinte mórbido da aparência visual, a escravidão do parecer sobre o ser. Mas hoje, rendo-me à evidência. Não há mais argumento possível a esgrimir. Esta é a verdade, pura, porque o poder das palavras não basta. O poder da roupagem fala muito mais alto e eu trabalho num meio onde isso é sobejamente valorizado. Se até agora, vinha sempre com aquela história lírica (puro lirismo) de que me basta ser quem sou, hoje rendi-me. Basicamente, ando irritada, no mínimo por ter de me render. Esta batalha está vista e vencida. Pode ser que um dia venha a gostar disso...ou talvez não. Em Portugal é assim, e eu tenho de dançar ao som da música que se toca cá. Assim seja.

26 de julho de 2011

Este fim-de-semana










Vai ser assim. E daqui por duas semanas, há mais para os lados de Tomar. Por enquanto, o nome é Santiago de Compostela.

O poder dos limites

Há muito que não vinha cá. E sinto saudades. Saudades de ter tempo para me curvar sobre mim própria e poder ter tempo para reflectir sobre mim, sobre a minha relação com os outros, sobre planos. Este ano foi um ano louco. Dos piores e melhores que tive. Um ano de imensa produção, de imenso trabalho mas foi igualmente um ano de demarcação de território, de garras bem afiadas. Foi um regresso difícil, de adaptação a tudo. Ao meio social, familiar e profissional. Este ano está quase a chegar ao fim, e a batalha não terminou mas muita poeira assentou e o fim de uma tarefa enorme está ali, quase no final. Quanto mais o tempo avança, mais me sinto dona de mim, mais sinto necessidade de me afirmar pelas minhas escolhas, pela minha diferença. Se até agora, vivia isso como algo de reactivo, sinto que começo a entrar naquela fase em que as minhas escolhas são assumidas com naturalidade, porque sinto-as cada vez mais como um direito adquirido pela vida que me foi dada. Apetece-me delimitar a fronteira que me separa de certas pessoas, mas apetece-me demarcar a cuspo o que aproxima de outras. Definição de contornos. Penso que é isso mesmo. Definição de contornos. É interessante ou curioso sentir que estou a terminar um processo de aprendizagem na minha vida profissional, e apetece-me desde já encetar outro. Desde pequena desejei ser frágil, protegida, ser mãe, caseira e hoje tenho dúvidas se será esse o meu caminho. Desejo e preciso de alguém forte ao meu lado, alguém que me preencha, disso não abdico, porque é nessa pessoa que me complemento, me apoio, me articulo para o mundo. Mas será que haverá mais do que isso? Por vezes, acho que nasci para ser amiga, professora, namorada, filha, madrasta, e que é nesse papel de autoridade racional que me situo. Por vezes, pergunto-me se não fugirei da fragilidade que é ser mãe, embora tenha curiosidade em saber o que isso é e ao mesmo tempo, não quero. Sonho com realizações outras, com outro tipo de imput que vá além de mim. E porém não sei se não irei acabar por quebrar porque sou uma pessoa que ama demasiado, que dá demasiado, que acarinha demasiado e que também necessita receber. Há um lado fascinante do mundo que me chama. Esta imensidão de saberes, de culturas, de fazeres, de cores, de cheiros, de imaginação, de criatividade que me chama e que desejo tanto partilhar apenas com uma pessoa e nada mais. Será egoísmo? será pragmatismo? idealismo? Não sei. Apenas observo a fragilidade das que foram mães, dos sacrifícios pessoais, das desistências de lutas em nome dos filhos e duvido que seja isso que eu desejo para mim. Nada disto é definitivo. Apenas tenho a noção de que há escolhas que não têm retorno e que se um dia tomar certas escolhas, que seja de consciência clara. Não me incomoda ser madrasta. É um papel ingrato, mas muito mais cómodo e fácil do que ser mãe. Há algo que nos permite ajudar, orientar, amando mas sem sofrer tanto. Pode-se correr o risco de se ser mais dura porque o pai virá atrás adoçar, mesmo reconhecendo que aquela chamada de atenção foi importante. Hoje acredito que haja famílias recompostas mais equilibradas que as próprias famílias naturais porque na relação com aquele estranho que denominamos de padrasto ou madrasta, o sentimento é menos redondo e as palavras não têm tantos significados. Enfim. A vida é uma coisa estranha, que nos molda, dando-nos oportunidades de recriação ou de destruição. A escolha é por vezes difícil, mas ela existe. Sempre.