Será?

Costuma-se dizer que "nunca é tarde demais" e eu pergunto: será mesmo assim?

Sei que os ditados populares têm muito de sabedoria, e que essa - a sabedoria - ninguém a substitui, mas será mesmo assim?

Acredito que haja conquistas que nunca vêm tarde demais: nunca é tarde para se amar, para se mudar, para se cuidar, para se instruir, mas sejamos realistas e saibamos aceitar que o percurso de quem toma determinados passos numa idade mais avançada não poderá nunca vivê-los e rentabilizá-los como quem os teria tomado na hora certa, se é que há hora certa.

A verdade é que o que existe são percursos, e cada percurso é único.

Nem sempre "a experiência acumulada" é sinónimo de maior felicidade ou de maior realização pessoal ou profissional. E isto porque muitas das (nossas) experiências são dolorosas, e complicadas (usando um eufemismo) de superar e é difícil senão mesmo impossível fazer de conta que elas não existiram, para o bem ou para o mal.

Ser positivo será porventura a resposta ao desafio das experiências acumuladas, mas há dias em que nem a melhor vontade deste mundo resolve a inércia que se apodera de nós, sem razão aparente, só porque falhamos algures num percurso que queríamos que tivesse sido diferente.

Por isso, não sei, será que nunca é tarde mesmo para se viver em plenitude, sem ressentimentos, sem alguma amargura ou saudosismo (ridículo) do passado que falhamos em algum momento?