2 de setembro de 2010

Ser mulher no Século XXI



Ser mulher no século XXI é obra. Não será muito diferente daquilo que foi ser-se mulher no século XX, com um pequeno “quê” que faz toda a diferença. Evoluímos, sim, mas evoluímos imitando os homens, e eu pergunto: a que preço? Quando olho à minha volta e vejo esta multiplicidade de mulheres, lindas, feias, mais ou menos inteligentes; reparo igualmente noutra coisa: a desigualdade dos sexos. Hoje, para se ser mulher de sucesso, e quando digo sucesso, não me refiro apenas à condição profissional, mas igualmente à condição pessoal, do relacionamento amoroso, equilibrado e são; reparo que é preciso ser-se capaz de desenvolver muitas facetas, possuir muitas qualidades e habilidades que vão desde a astúcia à sensualidade passando pela capacidade de encaixe à capacidade de decisão na hora "h". Uma mulher não pode ser apenas boa na cama, mas terá de ter bons argumentos no dia-a-dia. Terá de ser sexy, sem ser ordinária; terá de ser mãe, sem ser demasiado maternal; terá de saber cuidar da casa, sem nunca se dedicar em absoluto como se fosse a empregada de casa; terá de se saber cuidar, mesmo sem grandes recursos; terá de saber subir a uma árvore, sem nunca estremecer ou temer a queda. Terá de usar (sempre) make-up nas ocasiões especiais; terá de ser (sempre) elegante, com ou sem quilos a mais; terá de saber seduzir com argumentos sem (nunca) descuidar a lingerie. Resumindo, terá de saber encontrar o perfeito equilíbrio entre o glamour e a sedução, resguardando-se na sua redoma de vidro, sem nunca deixar de alimentar, amiúde, o interesse do olhar do outro sobre si. A mulher do século XXI é aquele misto de desejo e de repulsa que aguça o apetite sem nunca sacear a fome. A mulher do século XXI "não é" aquela que se recusa a chorar, mas "é" aquela que chora em silêncio, escondendo lágrimas e sentimentos, abafando a dor e fingindo uma paz que ela nem sempre possuiu. A mulher de sucesso do Século XXI será aquela que terá aprendido a lutar como um homem sem nunca ter-se tornado num. E isto tem um preço, sim, um preço: o preço da solidão nesta guerra maioritariamente travada e dominada pelos homens. Na verdade, a diferença entre elas e eles é apenas uma diferença de oportunidades e de recursos que fazem toda a diferença num percurso mais tortuoso para elas do que para eles numa vida que se quer igualmente feliz para todos. E eu pergunto: será isto evolução? será isto a (tal) revolução dos sexos?

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