7 de setembro de 2010

A melhor parte disto tudo



Amontoar os caixotes com livros e papeis e sentir que isto está finalmente a chegar ao fim. O escritório está vazio, a minha casa está repleta de caixotes. Não sei onde fui buscar tanto livro e tanto papel, mas pronto. É tudo (tão) estranho e ao mesmo tempo tão bom. Ainda não realizei que vou embora e que vou poder deixar isto para trás. Há dias como hoje em que não sei como aguentei tanto tempo neste ambiente algo hostil (refiro-me ao ambiente profissional altamente competitivo, ao carácter tipicamente belga e ao muito mau tempo que cá se vive). E porém, tenho de reconhecer o crescimento que se operou em mim, a todos os níveis, e que esta experiência foi e ainda é algo que me transformou muito por dentro. Apesar do sacrifício e da dor, aconselho esta experiência a todos porque é saindo de casa que se aprende muito, muito sobre nós e sobre os outros. É com experiências desta natureza que o mundo fica bem mais pequeno e o nosso mundo fica bem maior. O importante agora é regressar e poder retomar o meu ritmo de trabalho, desse lado. Espero conseguir. Desejo conseguir. Vou conseguir. Digo isso porque sei que, apesar de não ter amado tudo cá, vou sentir falta desta adrenalina, desta hostilidade que inconscientemente nos leva para a frente, e nos obriga a dar o melhor de nós. Vou sentir falta das conversas de café perto do Parlamento Europeu, vou sentir falta desta massa crítica que brota todos os dias de forma tão visível por cá, vou sentir falta desta energia. E como tudo na vida, não há bela sem senão, nem feio sem a sua graça. Apesar de tudo, a minha escolha está mais que clara. No entretanto, pode ser que a vida me dê outras oportunidades, mais aliciantes, e mais reconfortantes que esta (que não foi má de todo). Eu sei que fui uma privilegiada por cá e isto porque nasci com o meu traseiro bem virado para o sol.

Sem comentários:

Enviar um comentário