Acordo a meio da noite sem saber onde estou, tenho sonhos que falam de Bruxelas, dos meus hábitos de vida lá e acordo de manhã sem chão. Sei que aqui tenho quem eu amo, mas o meu coração pede algo mais: pede realização, pica, adrenalina e sinto-me ressacada que nem drogado em plena abstinência.
Tenho dificuldade em reencontrar o meu espaço, em entender as conversas. Não falamos bem a mesma linguagem e o meu ritmo ainda não conseguiu adapatar-se ao compasso adormecido que se vive por cá. À minha volta, vejo um país bonito, limpo, com muita qualidade de vida, mas vejo pessoas adormecidas, alienadas, e sem recursos para realizar o seu potencial. Aqui a vida é dura, mas a vaidade, o desleixo e a mediocridade dos poderosos é notória. É pois neste país feito de contradicções que eu tenho de viver a partir de hoje e por uns bons tempos.
Tenho o carinho de todos, tenho uma casa farta, grande, e mesmo assim, sinto falta daquela adrenalina que me levava sempre ao limite das minhas capacidades intelectuais e onde o rigor e disciplina eram regra.Tenho saudades da minha liberdade e chego a pensar que me tornei numa pessoa bem diferente, onde o amor é pensado apenas a dois, e onde a ligação afectiva a uma casa deixou de fazer sentido. Sou uma pessoa muito mais pragmática e muito mais rigorosa, sem paciência para conversas de café, nem tempo perdido a ver tv. A vida aqui é doce, demasiado doce, chego mesmo a pensar que por cá andamos demasiado distraídos e despreparados para os desafios do presente e do futuro. Nas ruas, leio a saturação, um cansaço associado à impotência e à ausência de sonho. Chego finalmente à conclusão que não sou a única a estar perdida neste país com tanto para dar.
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