28 de dezembro de 2009

Entre o sonho e a realidade, mas onde exactamente?


A vida adulta é algo para o qual não estamos preparados. Digam o que disserem, leiam os livros que lerem.

A vida adulta é madrasta e apanha-nos sempre no virar da esquina, quando menos esperamos e sobretudo quando menos precisamos.

Toda a gente sonha com o "sonho". Toda a gente defende que a vida deve ser vivida em função de 1, 2, 3, enfim uma pluralidade de sonhos, que nos movem e nos fazem andar para a frente.

E agora eu pergunto: e se esses sonhos forem irreais, e se esses sonhos não forem feitos para nós, o que fazer? Como agir?Todos nós, com esta ou aquela variante, fomos educados para sonhar e sonhar bem alto, por sinal.

Sonhamos todas com o principe encantado, sonhamos todas com uma família, sonhamos todas com conforto e fazemos as nossas escolhas ao longo do nosso percurso em função desses sonhos. E se um dia, depois de 30 anos de luta, apercebemo-nos idiotamente que esses sonhos não foram feitos para nós? Que aquela pessoa que vive ao nosso lado, com quem partilhamos a cama nunca, mas nunca, foi talhada para nos fazer feliz? Que não nascemos para ser mãe? que o dinheiro não nos traz o conforto espiritual e emocional? O que fazer com esses sonhos? Como é que nos adaptamos a esta nova realidade que nos obriga a virar a cabeça para baixo para que a vida possa fazer sentido? Como? Como é que sobrevivemos ao esfumaçar dos sonhos que fizeram de nós quem somos?

Será que essa revolução pode ser vivida com tranquilidade? Sem medos, sem mágoas, sem a sombra de um passado onde fomos outra pessoa?

Será que tudo isto faz parte do processo? mas que processo??? Será isto "a" prova de fogo, o ritual de passagem para a vida adulta? Se assim é, ok, mas então porque ninguém nos avisou antes?

Porque raio não fomos preparados para isso? Porquê? Porque não nos disseram que o príncipe tinha rugas, o nariz torto, mau hálito, e mancava? que os bébés soltam sons estridentes que nos conduzem à loucura? porque não me disseram que o dinheiro é um metal que nos pode trazer grandes dissabores?

Não sei, apenas sei que a passagem à vida adulta acontece cada vez mais tarde, a um custo demasiado elevado e que a prova de fogo não poupa ninguém: nem os melhores.

Cada vez mais me convenço que na mesinha de cabeceira dos nossos filhos, deveríamos trocar o livro do Pequeno Príncipe de Antoine de Saint Exupéry pelo Príncipe de Maquiavel. Talvez assim, as nossas crianças feitas adultas estivessem mais preparadas para serem adultas sem grandes dramas.

1 comentário:

  1. quando os sonhos que sonhamos caiem, toca a a sonhar outros and so one and so one...
    E deixá-los lá bem no alto, onde devem estar; depois, é só fazer os alicerces e isso, miss brilho de sol, tu estás a fazer... e muito bem feito!

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