A vida adulta é algo para o qual não estamos preparados. Digam o que disserem, leiam os livros que lerem.
A vida adulta é madrasta e apanha-nos sempre no virar da esquina, quando menos esperamos e sobretudo quando menos precisamos.
Toda a gente sonha com o "sonho". Toda a gente defende que a vida deve ser vivida em função de 1, 2, 3, enfim uma pluralidade de sonhos, que nos movem e nos fazem andar para a frente.
E agora eu pergunto: e se esses sonhos forem irreais, e se esses sonhos não forem feitos para nós, o que fazer? Como agir?Todos nós, com esta ou aquela variante, fomos educados para sonhar e sonhar bem alto, por sinal.
Sonhamos todas com o principe encantado, sonhamos todas com uma família, sonhamos todas com conforto e fazemos as nossas escolhas ao longo do nosso percurso em função desses sonhos. E se um dia, depois de 30 anos de luta, apercebemo-nos idiotamente que esses sonhos não foram feitos para nós? Que aquela pessoa que vive ao nosso lado, com quem partilhamos a cama nunca, mas nunca, foi talhada para nos fazer feliz? Que não nascemos para ser mãe? que o dinheiro não nos traz o conforto espiritual e emocional? O que fazer com esses sonhos? Como é que nos adaptamos a esta nova realidade que nos obriga a virar a cabeça para baixo para que a vida possa fazer sentido? Como? Como é que sobrevivemos ao esfumaçar dos sonhos que fizeram de nós quem somos?
Será que essa revolução pode ser vivida com tranquilidade? Sem medos, sem mágoas, sem a sombra de um passado onde fomos outra pessoa?
Será que tudo isto faz parte do processo? mas que processo??? Será isto "a" prova de fogo, o ritual de passagem para a vida adulta? Se assim é, ok, mas então porque ninguém nos avisou antes?
Porque raio não fomos preparados para isso? Porquê? Porque não nos disseram que o príncipe tinha rugas, o nariz torto, mau hálito, e mancava? que os bébés soltam sons estridentes que nos conduzem à loucura? porque não me disseram que o dinheiro é um metal que nos pode trazer grandes dissabores?
Não sei, apenas sei que a passagem à vida adulta acontece cada vez mais tarde, a um custo demasiado elevado e que a prova de fogo não poupa ninguém: nem os melhores.
Cada vez mais me convenço que na mesinha de cabeceira dos nossos filhos, deveríamos trocar o livro do Pequeno Príncipe de Antoine de Saint Exupéry pelo Príncipe de Maquiavel. Talvez assim, as nossas crianças feitas adultas estivessem mais preparadas para serem adultas sem grandes dramas.
quando os sonhos que sonhamos caiem, toca a a sonhar outros and so one and so one...
ResponderEliminarE deixá-los lá bem no alto, onde devem estar; depois, é só fazer os alicerces e isso, miss brilho de sol, tu estás a fazer... e muito bem feito!