1 de novembro de 2010

Hallow

Hoje é dia de celebração do dia dos mortos e eu odeio esse dia. Odeio-o por motivos muito pessoais que se prendem com a ausência do meu pai para todo o sempre. Como poderei eu celebrar esse dia? Nunca. Jamais. Desprezo esse ritual absurdo que consiste em lembrar quem amamos uma vez no ano, ostentando as melhores peças de roupa e deambulando-nos pelos cemitérios como se de um café se tratasse. Odeio esta falta de respeito duplamente manifesta para quem já partiu e para quem cá ficou. O recolhimento é para mim sinónimo de silêncio, de comunhão vivenciada na solidão, longe dos olhares dos outros, longe do barulho e das gargalhadas de café. Odeio este dia. E por mais que me tente abstrair deste dia, não consigo. Não consigo entender quem se presta a este ritual de visitação com toda a pompa e circunstância. Não consigo. Por dentro, sinto-me devastada, ceifada, vazia. Talvez por isso se fale tanto no Hallow-een. "Hallow" não significa vazio? Não será tudo isto uma espécie de culto pagão ao vazio espiritual. Como todo o devido respeito para quem leva toda esta tradição muito a sério, confesso a minha confusão mental em descodificar o verdadeiro sentido destes cultos desprovidos de sustância espiritual.

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