12 de outubro de 2010

Comer, Orar e Amar


Este fim-de-semana fui ver este filme, tal como muito boa gente foi. Por curiosidade, sim, porém não tinha grandes expectativas em relação ao mesmo. Apreciei o filme, não pela excelente prestação dos actores que não me convenceu de todo. O filme não me trouxe nenhuma grande revelação, mas retive uma frase ou apenas um momento do filme, quase no final. Consiste numa ideia muito simples e muito real: qualquer amor é um risco e factor de desequilíbrio, no sentido que nos coloca sempre na dependência do afecto alheio, lembrando-nos que somos seres frágeis, para além de exigir um esforço constante de investimento e de redescoberta do outro. Na verdade, o amor não é dado adquirido e uma relação, seja ela qual for, é de facto exigente. Para quem já sofreu de desilusão amorosa, para quem já passou por um casamento falhado, o fim de uma relação não constitui apenas o fim daquela relação. Vai muito além disso: é todo um mundo que se desmorona à nossa volta, são crenças que deixam de fazer sentido, é a desconfiança que se instala e o medo de sofrer que vence a batalha, porém não a guerra. O amor é um risco. Um risco pesado, que pode a qualquer momento significar sofrimento, mas quem vive sem amor? quem? No lo sei. Acho que ninguém. No final de contas, apercebi-me que tudo isto é um jogo estúpido que se assemelha em muito ao jogo do gato e do rato: andamos numa fuga constante alimentando o desejo profundo de sermos caçados a qualquer momento, e vezes sem conta. Ninguém pode fugir à tentação e à necessidade do amor, e quando esse amor é bom, voltamos lá diariamente para beber a nossa dose de reconforto e de alento para mais um dia de luta. Amor é dependência, mas uma independência que nos ajuda a sermos mais nós. Um verdadeiro contrasenso com toda a significação possível.

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