28 de dezembro de 2010

Se eu pudesse escolher, seria assim


Queria manter-te, assim, em estado puro, longe de tudo aquilo que corrói a espontaneidade do sentimento. Queria manter-te longe da vida social, banal e inerte. Queria que fosses sempre assim, a minha estrela de cinema e eu na plateia, em silêncio e no escuro, observando cada gesto teu, aplaudindo, sorrindo e levitando para (bem) longe daquele olhar. Queria manter-te apenas para mim, guardar-te como se guarda um segredo, bem lá no fundo de um tesouro perdido num lugar sem nome. Queria manter-te só meu, para sempre, no meu ninho, no anonimato do meu amor. Odeio pensar que terei de te colocar um rótulo "social", seguramente redutor e potencialmente mortífero. Quando isso acontecer, o nosso amor passará a existir para além do sentimento, ele será feito "coisa". O nosso amor terá sido colocado numa moldura social para que todos possam ver, identificar e nomear. Passaremos a existir para além do sentimento que nos une, o essencial passará (eventualmente) para segundo plano. O nosso amor ganhará uma existência social, ali, ao lado (e por vezes longe) da sua existência essencial. Mas eu, eu queria guardar-te apenas dentro de mim, bem ao lado do meu sentimento por ti, num tempo fora do tempo, num momento sem fim. Serias só tu e eu. Se eu pudesse escolher, seria assim.

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